BETE CARRIÇO
Demoramos para achar um título para essa matéria. A primeira vez em que testamos o Chevrolet Onix foi a linha 2019, na versão LTZ, top de linha, com a missão de entender a trajetória de sucesso do modelo compacto da GM, o carro mais admirado do País. Sustentou a primeira colocação por cinco anos, desde agosto de 2015 e somente agora, encerrado o mês de julho, foi desbancado do trono de líder de vendas de veículos leves no Brasil, pelo SUV T-Cross, lançado pela Volkswagen o ano passado. A VW também passou à frente no ranking no acumulado de 2020. Mas o momento pede cautela na análise dessa mudança.
Pensemos como se comporta o mercado automotivo atualmente. Estamos passando por uma crise de saúde, que virou o mundo de cabeça pra baixo, o que dirá um ranking de vendas de veículos. É fato que as vendas estão cada vez mais concentradas na camada de alta renda da população, julho foi o mês dos SUVs. Menos renda para quem opta pelo Onix (R$ 52.150 a R$ 79.090), classe de poder aquisitivo mais vulnerável a uma crise econômica. O VW T-Cross custa em média de 15 a 20 mil reais a mais do que o modelo da GM, consumido por um público de maior renda e, por consequência, menos suscetível aos efeitos perversos da crise econômica.
Outra questão que pode pesar na balança desse ranking é que o T-Cross começou a ser vendido com a configuração específica para PcD apenas este ano e muitos pedidos ficaram acumulados desde o início da pandemia, que brecou a produção. Isso causou um represamento de faturamento de veículos, reiniciado a partir de junho, quando a fábrica de São José dos Pinhais (PR), onde é produzido o T-Cross voltou a operar e as concessionárias aos poucos foram sendo reabertas. Vamos aguardar e verificar se essa façanha será repetida nos próximos meses.
Um dos responsáveis por essa reversão histórica em que nunca um SUV liderou todas as vendas no País, foi a forte participação da versão Sense (PCD) neste resultado.O VW T-Cross bateu seu próprio recorde e é o primeiro modelo do segmento que vende mais do que 10 mil unidades mensais (10.211), segundo dados do Renavam.
T-Cross 1.0 TSI Sense é atualmente o todo poderoso das vendas para o mercado de pessoas com deficiência. A fila de espera é enorme e um lote já é vendido assim que fica pronto, no mesmos dia. A produção em São José dos Pinhais (PR) está focada neste momento no T-Cross Sense para regularizar as encomendas. Enquanto isso, a nova geração do Onix, lançada no segundo semestre do ano passado, com um upgrade que o tornou ainda mais rápido, econômico, confortável e tecnológico, continua encantando o mercado pelo excelente custo-benefício.
Vamos colocar aqui exatamente o trecho da matéria da primeira vez que falamos sobre o Onix: “a explicação para essa trajetória vencedora é que o lançamento do modelo em 2012 agradou e conquistou uma fatia respeitável do público-alvo. Mas a Chevrolet conseguiu enxergar além e não se acomodou. Manteve o olhar atento à concorrência, ao mesmo tempo em que tratou de conhecer cada vez mais esse público fã do modelo. Esse movimento foi identificado pelo consumidor como sendo real e verdadeiro. De fato, porque apresentou novidades que agregaram valor ao carro, ano a ano. Esse consumidor viu na empresa uma preocupação em chegar ao seu coração e atender as suas expectativas”,
Na nova geração, a Chevrolet fez alterações profundas, mas não mudou ¨a estratégia para angariar novos consumidores, não sentou em cima do sucesso e se deu por satisfeita. E aí quem vende muito cada vez vende mais, porque o carro passa a ter aquele “que” a mais, passa a ter carisma. Entende agora como foi difícil achar um título para a matéria?
O Portal Auto Mulher testou também a Premier, versão hatch que estreou nessa 2ª geração, e que se posiciona acima da LTZ. As mudanças na família do modelo não param por aí. O número de versões caiu de novo para seis tipos: Onix 1.0, Onix LT 1.0 manual, Onix LT 1.0 Turbo automático, Onix LTZ 1.0 manual, Onix LTZ 1.0 automático e a Premier. A Chevrolet posicionou o Joy, ainda fabricado no modelo do antigo Onix, como um primo de 2º grau da nova família, de menor valor, tornando-o um veículo de entrada.
Outra mudança de grande efeito são os motores da linha Ecotec, aspirado (até 82 cv/10,6 kgfm) e 1.0 com turbo (até 116 cv/16,8 kgfm). Desenvolvidos pela própria GM e que atendem especificações de alta performance e elevada eficiência energética. A alteração contribuiu e muito para inaugurar um novo patamar para a categoria. É incrível como é prazeroso estar ao volante do novo Onix. Ele não demora dias para trocar a marcha, quando automática. Nem deixa você parada no farol verde enquanto ele resolve suas diferenças com o câmbio. Isso é resultado da calibração da motorização na medida exata.
Segundo a General Motors, mudanças na arquitetura do Onix, direção elétrica mais responsiva e amortecedores com peso maior também são aliadas na dirigibilidade do modelo. Classificação do Inmetro o posiciona como o carro à combustão mais econômico no País. Abastecido com gasolina, o consumo médio chega a 17,7 Km/l. Outra marca que impressiona são os 10,1 segundos que a versão turbo demora para chegar de 0 a 100 km, com câmbio manual ou automático.
O Onix também aumentou no comprimento (230 mm), largura (41 mm) e distância entre eixos (23 mm), passando a ter 4.163 m. Por fora, ganhou grade com a parte debaixo maior para otimizar a refrigeração do motor, O para-choque traz elementos aerodinâmicos na parte inferior, enquanto o capô é marcado por vincos que seguem pelo teto. Já o ângulo de inclinação do capô do Novo Onix garante maior proteção a pedestres em caso de impacto e contribui para reduzir a resistência e o ruído do vento em altas velocidades. Destaque para o friso cromado, na versão Premier, que destaca a linha de cintura elevada e rodas de 16¨com desenho exclusivo, e aerofólio.
Internamente, o Ônix ficou mais sofisticado e mais confortável. Diferentes texturas do painel de instrumento, cobertura tipo 3D dos alto-falantes e moldura estilizada no console central. Os bancos traseiros passaram a ter encosto inteiriço. Atrás, os bancos foram reformulados para melhor acomodação da cabeça, quadril e ombros. O volante tem novo desenho, com regulagem de altura e profundidade
A tecnologia veio para ficar e, em breve, definirá a compra no caso de empate entre dois modelos. O carro a ser comprado em caso de empate entre dois modelos. No Onix, a central multimídia MyLink também chega renovada, do tipo flutuante, que facilita a visualização da tela e o acesso a sistemas de ar-condicionado digital. Oferece chave eletrônica que destrava as portas com a aproximação do motorista e wi-fi nativo, inédito na categoria, e que se conecta automaticamente com o seu celular. Certas atualizações eletrônicas poderão ser feitas remotamente pela internet, entre outros. Não podemos deixar de falar sobre a segurança que o Onix oferece que recebeu nota máxima em testes de colisão.
Logo já teremos nas ruas o T-Cross 2021, que está sendo lançado nesta primeira quinzena de agosto. Saem as versões 200 TSI de câmbio manual (R$ 88.790) e automática (R$ 96.590), as que mais sobrepõem os preços do Nivus Comfortline (R$ 85.890) e Highline (R$ 98.290). O T-Cross Comfortline com o motor 1.0 TSI e o painel de instrumentos digital TFT passa a adotar o painel multimídia VW Play (10,1″) como opcional, assim como já ocorre no Nivus Comfortline.
Para tentar se manter na liderança nos próximos meses, vem novidades para o T-Cross 2021. Uma delas é o piloto automático adaptativo ACC, item de série do Nivus Highline. Faróis full-LED se tornam item de série, assim como o assistente automático de estacionamento e o teto-solar panorâmico passa a ser opcional.
Embora sejam bem diferentes um do outro, T-Cross x Onix devem ter muitas cenas em capítulos diversos nos próximos meses. É briga de grandes entre Volkswagen e Chevrolet pela liderança nas vendas de veículos em todo o País. A conferir.