O ronco do motor é como música para quem curte o mundo automobilístico. Mas ele está com os dias contados e deve deixar saudades
BETE CARRIÇO
O que mais impressiona ao se ligar o motor do carro elétrico pela primeira vez é o silêncio. O motor não se manifesta, não emite um único ruído. E o motorista fica na dúvida por alguns segundos se fez tudo certo. A dúvida acaba logo depois quando se pisa no acelerador e ele começa a rodar pelo asfalto – e rápido. É incrível e você se sente no futuro. Precisamos nos preparar para esse novo mundo.
O motor elétrico foi desenvolvido para zerar a emissão de gases poluentes e diminuir os efeitos devastadores que provocam na nossa atmosfera. É uma atitude necessária e sem volta, por isso algumas montadoras têm lançado os primeiros exemplares movidos à eletricidade no País. No exterior, tudo está bem adiantado e prova disso é a americana Tesla, montadora de carros com motores elétricos e híbridos, que não para de crescer.
Atualmente existem motores completamente elétricos em que a estrela é uma bateria de alta tensão. Mas também existem os modelos híbridos – elétrico e à combustão -, que atuam em uma parceria combinada para a recarga da energia elétrica. Esse sistema diminui a emissão de poluentes, mas não zera. Para isso, dependemos dos carros elétricos.
O Portal Auto Mulher rodou com os carros elétricos Nissan Leaf, JAC i-EV-40 e com o modelo híbrido da Toyota, o Prius, e mostra o ônus e o bônus dessa nova realidade.
Vamos primeiro vamos ao ônus. Fruto do desenvolvimento de alta tecnologia, eles são mais caros que os demais concorrentes. Em razão de um mercado incipiente, não existe muita variedade de modelos para escolha.
Da mesma forma que o motor à combustão mostra a autonomia – total de quilômetros que se pode fazer com um tanque cheio de gasolina -, o motor elétrico também indica a distância que pode ser percorrida sem necessidade de recarregar. No nosso Brasil, contamos com um posto de combustível em cada esquina, pelo menos nas capitais. Mas podemos contar nos dedos o número de postos para recarregar a bateria nessas mesmas cidades. Imagina a dificuldade.
Levando em consideração esse entrave, o sistema híbrido é mais promissor e muitas montadoras já estão lançando versões do sistema combinado de motores dos seus modelos.
Se você tiver nas mãos um carro totalmente elétrico, prepare-se para conhecer os novos nomes de sistemas e peças. Coloque no passado cabeçote, cárter, pistão, vela, bico injetor e alternador, entre outros, como partes do motor à combustão. Em um futuro não muito distante, precisará se acostumar com bateria de lítio, densidade de energia, células de ion-lítio, eletrodos com química revisada, densidade de potência. Se você optar por carros híbridos, movidos à combustão e à eletricidade, precisará conviver com todos eles juntos e misturados.
Agora é a vez do bônus. Claro que o principal ganho será respirar um ar menos poluído, ter mais saúde e qualidade de vida. Saber que estamos fazendo a nossa parte é um alívio.
Outro benefício importante é que gastamos menos com a manutenção do carro. Dificilmente você irá gastar tanto com as revisões. No motor elétrico, há poucas peças e a bateria trabalha como em um solo da bailarina que reina praticamente sozinha no palco. Ela pode parar de funcionar? Claro, e este é um ponto que precisa ser esclarecido na hora da compra.
Em alguns casos, basta uma tomada 220v para recarregá-lo, que pode até ser qualquer uma que você tenha em casa. No caso da JAC Motors, o consumo é equivalente ao de um chuveiro elétrico de boa qualidade e custa entre R$ 14 e R$ 18, dependendo do custo da energia elétrica da cidade.
Comparando com qualquer modelo movido a motor por gasolina ou etanol, o JAC iEV 40 tem um custo seis vezes menor por km rodado. Permite rodar 300 km de acordo com a norma NEDC.
Outra questão que é muito positiva está mais para a quebra de um conceito do que para um benefício. Em algum momento, passamos a acreditar que os carros elétricos não seriam tão completos como os de motor à combustão. Ledo engano.
Eles são tão eficientes, repletos de tecnologia, designs bonitos e em alguns casos esportivos. Têm um aporte de respeito que inclui tecnologia, conforto, segurança, dirigibilidade e aceleram muito. Você só percebe que está em um carro elétrico quando dá a partida e lá vem o silêncio.
Lançado em 2010, o sedã Leaf já vendeu mais de 500 mil unidades em todo o mundo sendo o primeiro 100% elétrico a ser produzido em larga escala. Em 2019, foi lançado no Brasil a segunda geração, praticamente um novo carro, em uma única versão. Traz um kit de equipamentos de recarga em casa e na rua. O kit é composto por carregador residencial, com instalação inclusa, e cabo para recarga emergencial. Além do design bonito, é uma delícia para dirigir.
Em termos de segurança, o Nissan Leaf (a partir de R$ 239.900) é muito bem equipado. Oferece a maioria das mais recentes tecnologias disponíveis em carros top de linha. A lista inclui controles de tração e estabilidade; freios ABS; Isofix para cadeirinhas; alerta de mudança de faixa; sistema de prevenção de mudança de faixa; assistente de frenagem de emergência; controle de velocidade; sistema de advertência de ponto cego; visão 360° com detector de movimento; alerta de atenção do motorista; sistema de monitoramento de pressão dos pneus; e alerta de tráfego cruzado traseiro.
O e-power train é o sistema que substitui o motor como conhecemos. Oferece maior eficiência energética e maiores torque e potência que a primeira geração do Leaf, chegando a 140 cavalos. A nova bateria de íon-lítio promete autonomia de 389 km no ciclo WLTP (protocolo de homologação de veículos da União Europeia) e de 240 km no ciclo americano. É possível rodar com três modos de condução ECO, B e D.
O modo ECO ajuda a limitar o desempenho do motor e a economizar energia. O modo B da caixa automática usa frenagem regenerativa mais potente para recarregar com mais eficiência a bateria. A D é o modo de funcionamento normal quando se usa toda a potência do motor.
O Leaf oferece central multimídia A-IVI com tela de oito polegadas sensível ao toque, que permite o uso de aplicativos como o Waze, Spotify, Deezer, Google Maps, Whatsapp, Apple Car Play e Android Auto, entre outros.
Mais equipamentos
Sistema de partida em rampas; controle dinâmico de chassi (disponível no Kicks também e que reúne os controles inteligentes de freio e curvas e o estabilizador de carroceria); vidros elétricos; volante com revestimento sintético e comandos de som, telefone e computador de bordo; encosto do banco traseiro bipartido, porta-luvas com iluminação; luzes diurnas de led rodas de liga leve aro 17; bancos dianteiros com aquecimento; ar-condicionado automático; seis airbags (laterais, dianteiros e de cortina); multimídia A-IVI com tela colorida sensível ao toque, entre outros.
Toyota Prius
O sedã Toyota Prius (R$ 188.090) impressiona pelo design que remete a um esportivo. Possui uma excelente dirigibilidade, é seguro e confortável. A última geração lançada em 2019 trouxe atualizações. Lançado em 1997 mundialmente, chega à nova geração com o título de híbrido mais vendido em todo o mundo. No Brasil a soma das vendas chega à seis mil unidades desde que chegou em 2013.
Internamente, o modelo recebeu alterações no painel com acabamento preto. O novo visual conta com novas lanternas, faróis e rodas escurecidas.
O modelo da montadora japonesa roda com sistema híbrido de motores à combustão e elétrico. É uma solução que trabalha a favor da redução de gases poluentes e uma opção para países como o Brasil que possuem uma grande carência de postos de recarga de bateria.
Mas alguns países europeus, inclusive, já estipularam datas limites para o fim da circulação dos carros movidos à combustão.
De acordo com a Toyota, a parceria entre os dois propulsores rende baixo consumo de combustível. O motor à combustão, movido à gasolina, é um 1.8L VVT de ciclo Atikinson, que combinado a um elétrico oferece potência de 122 cv.
Os números divulgados pela montadora japonesa mostram redução de 52% de consumo de combustível na cidade e de 42% na estrada, se comparados a um motor à combustão. De acordo com o INMETRO, faz na cidade 18,9 km, com um litro de gasolina, e na estrada 17 km. O motor elétrico do Prius não precisa ser recarregado externamente. Funciona como um gerador que capta a energia cinética produzida na frenagem, transformando-a em energia elétrica que é armazenada. Em um motor à combustão essa energia é dispensada em forma de calor.
Possui quatro modos de condução. Normal; ECO, que proporciona a economia de combustível; o modo EV (ou elétrico), com preferência apenas para o motor elétrico; e o modo Sport, que oferece mais poder de arranque do motor e uma experiência mais esportiva.
Entre os principais itens de conveniência que equipam o Prius, estão o ar-condicionado dual zone automático com display digital; bancos dianteiros com sistema elétrico de aquecimento; carregador sem fio para smartphones; freio de mão com acionamento elétrico por botão; projeção de informações no para-brisa em 3D; Smart Entry (portas dianteiras e traseiras) e Start/Stop.
E, em termos de segurança, conta com sete airbags: duplo frontal (dois), duplo lateral (dois), cortina (dois sistemas com duas bolsas cada) e de joelhos para motorista (um); Controle de Estabilidade Veicular; Controle Eletrônico de Tração; faróis de neblina dianteiros de LED; freio a disco nas quatro rodas com sistema ABS e EBD; sensor de chuva e luz de neblina traseira de LED.
O Prius oferece, além usual de três anos, garantia estendida de oito anos para o sistema híbrido (bateria híbrida, inversor/conversor, módulo de controle da bateria híbrida e módulo de controle de energia).
Dispõe um leque maior de cores, Branco Polar, Branco Perolizado, Prata Galáctico, Cinza Granito e Preto Atitude. A nova geração acrescentou o Vermelho Rúbio e Azul Lazuli.
JAC iEV 40
A JAC Motors foi a primeira montadora a lançar no Brasil uma frota de veículos elétricos. JAC iEV 20, JAC iEV 40, JAC iEV 60, JAC iEV 330P e o JAC iEV 1200 T, três SUVs, uma picape e um caminhão. Causou impacto no mercado e trouxe à tona a discussão sobre a viabilidade dessa tecnologia prosperar no nosso País, além de todos os efeitos positivos e negativos na cadeia automotiva.
O carro avaliado pelo Portal Auto Mulher foi o SUV elétrico JAC i-EV 40 (R$ 212.900). É surpreendente ver como acelera, uma vez que alguns exemplares à combustão não têm o mesmo desempenho. Nele reina o motor elétrico, que é silencioso e econômico e, de acordo com a montadora, é zero emissor de poluentes. Conectado à uma tomada elétrica de 220v, recarrega em 8 horas. Mas há a opção de reduzir esse tempo para apenas uma hora com 80% da carga total, desde que ligado a um equipamento próprio para isso. A autonomia é de 300 km.
Durante a viagem, a bateria é abastecida nas frenagens. Freios especiais são os responsáveis pela captação da energia e sua imediata conversão em eletricidade, aumentando a autonomia do motor. No sistema, quando regulado para o modo ECO, praticamente não se usa mais o pedal de freio. Cada vez que se tirar o pé do acelerador, o carro já diminui a velocidade, poupando todo o conjunto de freios e até triplicando a vida útil de pastilhas e discos.
Um aplicativo exclusivo do JAC iEV 40 para smartphone da JAC Motors possibilita ao motorista a verificação da porcentagem de carga da bateria, autonomia, situação de recarga durante o carregamento, além do sistema de rastreamento e telemetria com diagnóstico à distância. O dispositivo torna possível o controle elétrico dos vidros, a abertura das portas e o acionamento do ar condicionado: um carro na palma da sua mão.